Hoje é dia de abraçar a estupidez interior. Vou me permitir publicar uma tragédia que escrevi com um amigo, Derick Pereira, durante uma aula na sétima série.
Dioleno, a história com um final nada bueno
Essa é a história do Dioleno,
um cara muito nanico.
E por ser muito pequeno,
vivia pagando mico.
Um dia ele se apaixonou
Foi amor à primeira vista
Foi da Sérgia que gostou
Quando a viu numa revista
Na foto estava de sapa
Não era nenhuma artista
Só apareceu na capa
Porque estava na praia nudista
Eles se conheceram pessoalmente
Dioleno era tão nanico
que não alcançava a patente
Só usava o pinico
Sérgia não gostou nada disso
AchouDioleno nanico e bobão
Com Zé arrumou compromisso
E Dioleno não aguentou tal humilhação
Dioleno ficou de porre
Atrás de Sérgia, faca na mão
"Agora você morre",
disse Dioleno com Sérgia no chão.
25 junho 2009
18 junho 2009
Nós, ordinários
A gramática que eu uso hoje, uma edição de 2001 do Paschoal, pertencera a meu irmão até a época em que eu a adotei, durante o ensino médio. Hoje à tarde, enquanto uma dúvida me tinha a incomodá-la, deparei-me com um trecho que meu irmão destacara que achei impactante. Na hora até gargalhei, mas não culpo quem achar banal. Trata-se de um tópico que menciona e explana as qualidades da boa linguagem e o item em questão é o sétimo, a nobreza.
Nobreza. Essa virtude manterá o escritor à distância dos plebeísmos que aviltam a linguagem e dos termos chulos e torpes que a enxovalham. Os que, em nome de um pretenso realismo, semeiam os seus escritos de obscenidades e se detêm na descrição de cenas lúbricas, não fazem senão prostituir a arte literária e atentar contra a nobreza e a dignidade da palavra humana. A arte não dispensa o véu do pudor e do decoro.
Não estou tomando partido na opinião puritana, mas que defesa fina e enérgica! Não lhes parece obra de um supervilão? Que embriaguez de elegância! Escritos desse estilo sempre fazem eu escolher algumas expressões e pensar onde poderia adotá-las cotidianamente.
Nobreza. Essa virtude manterá o escritor à distância dos plebeísmos que aviltam a linguagem e dos termos chulos e torpes que a enxovalham. Os que, em nome de um pretenso realismo, semeiam os seus escritos de obscenidades e se detêm na descrição de cenas lúbricas, não fazem senão prostituir a arte literária e atentar contra a nobreza e a dignidade da palavra humana. A arte não dispensa o véu do pudor e do decoro.
Não estou tomando partido na opinião puritana, mas que defesa fina e enérgica! Não lhes parece obra de um supervilão? Que embriaguez de elegância! Escritos desse estilo sempre fazem eu escolher algumas expressões e pensar onde poderia adotá-las cotidianamente.
16 junho 2009
Leste Europeu
Montes Cárpatos, Vlad, o Empalador, comerciais de frango, Danúbio, Nicolae Ceausescu, O Albergue, O Albergue: Parte II, Drácula, Laibach, Gloomy Sunday (vulga "canção húngara do suicídio), o silêncio, as sombras da União Soviética, as guerras por independência, os tiranos, as grafias eslavas, os vampiros segundo Anne Rice...
Afinal, se são essas minhas referências, quem pode me culpar por achar tenebroso aquele miolo do Leste Europeu?
Afinal, se são essas minhas referências, quem pode me culpar por achar tenebroso aquele miolo do Leste Europeu?
15 junho 2009
Sua inveja faz minha fama!
(Será que é por isso que eu ainda sou um anônimo?)
Há algum tempo eu venho refletindo sobre essa questão da inveja. Se alguém digitar a palavra 'inveja' no campo de pesquisa de comunidades do orkut, verá dezenas delas com centenas de millhares - e até milhões - de membros que se sentem invejados.
Andando pelo mundo, eu vejo tags muito mais plausíveis de serem assuntos que toquem as massas, como amor, ódio, sexo, chuck norris. Mas para minha surpresa, a inveja é insuperável.
Particularmente, acho que entrar em uma dessas comunidades já é o bastante para uma pessoa me parecer de todo desinvejável. Acho meio triste essa ostentação vaidosa de auto-confiança.
Os invejosos seriam o criminoso, o doador, o Yin, o parafuso. Os invejados seriam a vítima, o receptor, o Yang, a porca. Eu entendo que essas essas relações dicotômicas são uma forma pela qual as coisas acontecem. Mas apesar de entender e aceitar que ela exista numa boa, não consigo descubrir é onde diabos as pessoas conseguem enxergar tanta inveja no mundo. Será que lhes seria uma overdose de realidade crer que eles não são especiais?
Eu, por exemplo, não sinto que dou motivo para que me invejem. E sei que quando sinto inveja de alguém, é, na verdade, por sentir uma grande admiração. É por reconhecer no outro uma habilidade ou virtude que eu almejo. E ainda quando a admiração se me afigura mascarada de inveja, eu tento escondê-la.
Sim, eu tento escondê-la, o que me impediria de divulgar as misérias do invejado. Ou seja, eu não estaria contribuindo para sua fama e ainda acho que muitas pessoas também (não) o fazem.
Enfim, por não reconhecer o funcionamento dessa fama às avessas que eles obtêm, só me resta rir e parodiar o jargão seboso que titula este post.
Há algum tempo eu venho refletindo sobre essa questão da inveja. Se alguém digitar a palavra 'inveja' no campo de pesquisa de comunidades do orkut, verá dezenas delas com centenas de millhares - e até milhões - de membros que se sentem invejados.
Andando pelo mundo, eu vejo tags muito mais plausíveis de serem assuntos que toquem as massas, como amor, ódio, sexo, chuck norris. Mas para minha surpresa, a inveja é insuperável.
Particularmente, acho que entrar em uma dessas comunidades já é o bastante para uma pessoa me parecer de todo desinvejável. Acho meio triste essa ostentação vaidosa de auto-confiança.
Os invejosos seriam o criminoso, o doador, o Yin, o parafuso. Os invejados seriam a vítima, o receptor, o Yang, a porca. Eu entendo que essas essas relações dicotômicas são uma forma pela qual as coisas acontecem. Mas apesar de entender e aceitar que ela exista numa boa, não consigo descubrir é onde diabos as pessoas conseguem enxergar tanta inveja no mundo. Será que lhes seria uma overdose de realidade crer que eles não são especiais?
Eu, por exemplo, não sinto que dou motivo para que me invejem. E sei que quando sinto inveja de alguém, é, na verdade, por sentir uma grande admiração. É por reconhecer no outro uma habilidade ou virtude que eu almejo. E ainda quando a admiração se me afigura mascarada de inveja, eu tento escondê-la.
Sim, eu tento escondê-la, o que me impediria de divulgar as misérias do invejado. Ou seja, eu não estaria contribuindo para sua fama e ainda acho que muitas pessoas também (não) o fazem.
Enfim, por não reconhecer o funcionamento dessa fama às avessas que eles obtêm, só me resta rir e parodiar o jargão seboso que titula este post.
03 junho 2009
O Dia-a-dia de um Faringítico: Parte II
Antes de dormir na noite anterior, eu me prometi que se ainda me sentisse mal, compraria o tal antibiótico que um amigo desqualificado (para receitar) me recomendou. Além disso, não descartava uma medida mais atrevida, como consultar um médico. Risos.
O fato é que hoje, no que seria o quarto dia de miséria, eu estou muito melhor, ainda que ainda me recuperando.
Sobre essas coisas que se sentem, como a dor de uma enfermidade, eu penso que só no momento em que as sentimos é que elas nos interessam o suficiente para podermos escever a respeito. Se eu deixasse a saga de ontem para ser escrita hoje, ela provavelmente não seria senão uma concepção. Depois que acaba, a gente pensa que nunca existiu, já disse o poeta.
O fato é que hoje, no que seria o quarto dia de miséria, eu estou muito melhor, ainda que ainda me recuperando.
Sobre essas coisas que se sentem, como a dor de uma enfermidade, eu penso que só no momento em que as sentimos é que elas nos interessam o suficiente para podermos escever a respeito. Se eu deixasse a saga de ontem para ser escrita hoje, ela provavelmente não seria senão uma concepção. Depois que acaba, a gente pensa que nunca existiu, já disse o poeta.
02 junho 2009
O Dia-a-dia de um Faringítico
Se eu fosse reformular o post intitulado "lição toon" desse meu blog, frisaria que bebida alcoólica e gelada, narguille, cigarros, madrugadas brumosas, tocar o violão e cantar os pulmões são todas coisas divertidas, mas que desconhecem as regras de respeito mútuo.
Ou seja, acordar lixo (aqui, adjetivando o substantivo) no dia seguinte pode não ter sido menos que compreensível. E quando disse lixo, deveria mencionar febre, dor de cabeça, obstrusões nasais e - a estrela do post - faringite.
As outras dores a gente carrega, mas essa, que subestima nossa voz e que faz de nossos grandes momentos de prazer - comer - um sacrifício, é execrável. Essa é a moléstia onde o deglutir nos assemelha à sensação de ter um pilão socando seu palato mole. Essa é a via crucis oral.
Na ânsia por melhoras, questionei as pessoas mais próximas, que me sugeriram (1) gargarejo com limão, vinagre e sal, (2) spray de gengibre, mel e própolis e (3) mel e limão. As sugestões enumeradas foram todas adotadas.
Depois de24 horas após acordar derrotado, fui à fármacia - só com o focinho e os olhos à mostra - e comprei (4) uma dipirona sódica em gotas, (5) um spray para dor de garganta que tem um sexto da composição como anestesiante e (6) um genérico duma versão em comprimidos do saudoso e nostálgico Cataflan, o antiinflamatório da moçada!
Sendo oito horas o período desta (última) dose, depois da segunda, resolvi que repousaria pelo tempo de quanto eu dispusesse. Contente por endossar meu ócio, logo retomei o acompanhamento que eu abandonara há um ano e meio de Lost - sem medo de ser feliz! Mas também obedeci à sorte que, naquele dia, o Orkut me empurrara: comecei a ler um livro. Valendo-se de um período de baixa de minha dor-de-cabeça intermitente, à meia-luz, abri O Castelo de Otranto de uma edição escrotíssima que o faz parecer literatura infanto-juvenil. Não pulei a mini-biografia do autor nem seus dois prefácios, mas a narrativa era muito cerrada e concisa para um convalescente. Então, quando um elmo gigantesco esmagou do nada - do nada absoluto - o filho do príncipe no dia de seu próprio casamento, não soube se se tratava de delírio meu e optei por apagar a luz e dormir.
Na noite seguinte, quando a enfermidade já teria desembolado umas 60 horas de meu novelo de tempo, recorri ao Google. Consultei várias tabelas que traçavam distinções entre a faringite viral e a bacteriana. Apesar de inconclusivo (deu empate), lucrei sugestões úteis de como fazer tolerável a vida de um faringítico. (7) O gargarejo com água morna e sal , por exemplo, suspende brevemente a dor. A outra dica foi a de uma dieta líquida, o que me levou de olhos nus - e só os olhos - ao supermercado, onde comprei chá, sopa, suco pronto pra beber, frutas e outras boiolagens com quais, saudável, nunca gasto um centavo. Dei, por fim, suspensão a meu belo jargão: "Eu engulo qualquer coisa".
Agora estou aqui, sentado ao balcão de uma cozinha, a narrar-lhes bagatelas. Sim, estou melhor que há dois dias. Continuarei exercendo os sete métodos citados e volto a escrever quando alguma ocasião me pedir para ser notificada.
Ou seja, acordar lixo (aqui, adjetivando o substantivo) no dia seguinte pode não ter sido menos que compreensível. E quando disse lixo, deveria mencionar febre, dor de cabeça, obstrusões nasais e - a estrela do post - faringite.
As outras dores a gente carrega, mas essa, que subestima nossa voz e que faz de nossos grandes momentos de prazer - comer - um sacrifício, é execrável. Essa é a moléstia onde o deglutir nos assemelha à sensação de ter um pilão socando seu palato mole. Essa é a via crucis oral.
Na ânsia por melhoras, questionei as pessoas mais próximas, que me sugeriram (1) gargarejo com limão, vinagre e sal, (2) spray de gengibre, mel e própolis e (3) mel e limão. As sugestões enumeradas foram todas adotadas.
Depois de24 horas após acordar derrotado, fui à fármacia - só com o focinho e os olhos à mostra - e comprei (4) uma dipirona sódica em gotas, (5) um spray para dor de garganta que tem um sexto da composição como anestesiante e (6) um genérico duma versão em comprimidos do saudoso e nostálgico Cataflan, o antiinflamatório da moçada!
Sendo oito horas o período desta (última) dose, depois da segunda, resolvi que repousaria pelo tempo de quanto eu dispusesse. Contente por endossar meu ócio, logo retomei o acompanhamento que eu abandonara há um ano e meio de Lost - sem medo de ser feliz! Mas também obedeci à sorte que, naquele dia, o Orkut me empurrara: comecei a ler um livro. Valendo-se de um período de baixa de minha dor-de-cabeça intermitente, à meia-luz, abri O Castelo de Otranto de uma edição escrotíssima que o faz parecer literatura infanto-juvenil. Não pulei a mini-biografia do autor nem seus dois prefácios, mas a narrativa era muito cerrada e concisa para um convalescente. Então, quando um elmo gigantesco esmagou do nada - do nada absoluto - o filho do príncipe no dia de seu próprio casamento, não soube se se tratava de delírio meu e optei por apagar a luz e dormir.
Na noite seguinte, quando a enfermidade já teria desembolado umas 60 horas de meu novelo de tempo, recorri ao Google. Consultei várias tabelas que traçavam distinções entre a faringite viral e a bacteriana. Apesar de inconclusivo (deu empate), lucrei sugestões úteis de como fazer tolerável a vida de um faringítico. (7) O gargarejo com água morna e sal , por exemplo, suspende brevemente a dor. A outra dica foi a de uma dieta líquida, o que me levou de olhos nus - e só os olhos - ao supermercado, onde comprei chá, sopa, suco pronto pra beber, frutas e outras boiolagens com quais, saudável, nunca gasto um centavo. Dei, por fim, suspensão a meu belo jargão: "Eu engulo qualquer coisa".
Agora estou aqui, sentado ao balcão de uma cozinha, a narrar-lhes bagatelas. Sim, estou melhor que há dois dias. Continuarei exercendo os sete métodos citados e volto a escrever quando alguma ocasião me pedir para ser notificada.
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