21 dezembro 2008

regional

há alguns dias, uma pessoa, cujo anonimato me foi solicitado, me emprestou um "inacreditável livro de poesias" que encontrara num sebo e que eu teria de conhecer. o ínterim entre o aviso e o empréstimo efetivo foi grande e ainda engrandecido por eu ter sido advertido quanto à "ousadia" dos poemas e principalmente por o autor ser maringaense. mas só quando o livro irrompeu em minhas mãos, pude entender o porquê dos alardes.

"paixão e magia", de altamiro avelino, agora sob o pen name halt d'havely, foi além do que dele me fizeram esperar. antes de atingir o conteúdo em si, chequei os demais dados que contemplam o autor e a obra para me situar nas circunstâncias. em sua biografia de contracapa, onde consta, entre outras coisas, a autoria do hino de um colégio público, descobri que altamiro foi um dos fundadores da academia de letras de maringá. nas críticas das abas-marca-páginas, outros três membros da academia, entre os quais, o presidente, descrevem-no como "trovador de excelente qualidade e prosador de invejável talento" e "sensível romântico, literalmente encharcado de amor".

nesse, que é o quinto livro desse nosso poeta, uma senhora, também da academia de letras de maringá, assina o prefácio, onde o parabeniza por "manter viva, em sua alma imortal de poeta, a magia da paixão adolescente". depois de outra vasculhada nos arredores do conteúdo, notei que o livro não tem editora - e vocês já vão entender por quê.

por fim, como o google desconhece o sujeito, vou transcrever aqui duas poesias que eu julguei particularmente tremendas.

Inovação

Cansei de falar
de biologia, de ecologia,
de meio ambiente.
Cansei de falar de bichos,
de aves, de peixes.

Cansei de falar de insetos,
de crustáceos, de moluscos,
de batráquios.

Cansei de falar de anelídeos,
de ofídeos, de aracnídeos,
de proboscídeos.


Cansei de falar de pistilo,
de certicilo, de androceu,
de gineceu.


A partir de agora,
eu só quero falar de você.
Você é a ave, você é o peixe,
você é a flor.
Mulher, você é o bicho!

esse mesmo eu-lírico de "inovação", tão rendido ao amor e quejandas singelezas, sangra lirismo em seu mais belo poema, "bolo de amor", (meu preferido):

Bolo de Amor

Pegue uma mulher bem bonita.
Se for mulher, pegue um homem
e coloque no seu coração,
para ganhar consistência.


Pegue toda a paixão
que você tiver em estoque,
coloque emoção à vontade.


Misture, também, um pouco
de fantasia,
ponha umas pitadas de papo-cabeça
uma boa porção de papo-furado,
adicione algumas doses de requinte
e delicadeza,
salpique um pouco de ilusão
e misture tudo da mulher
ou do homem que você escolheu.

Mantenha-a(o) no forno
do seu coração até aquecer
e, quando estiver bem quente,
enfeite com um pouco de encanto
e algumas rodelas de simpatia,
e o bolo está pronto.

Agora é só tirar do forno,
levar para a cama e comer.
Esta receita é para uma pessoa,
mas vão aparecer muitos
concorrentes
interessados em comer o seu bolo.
Lembre-se: "se você cochilar,
o cachimbo cai.."



e, sim, isso é de verdade.

17 dezembro 2008

só na função fática

alô!
ops!
...oi?
alô?
som, som. testando.

(aumenta o retorno, por favor)

além desse teste de canal, vou aproveitar o post para justificar o blog. despretensioso até no nome, acho que não é senão uma alternativa mais organizada, funcional e respeitável para estocar meus recortes que o
fotolog que eu mantive.

já não houvesse sido criado, o nome seria /dejadit, mas tive que dar o dito por lido.

sucesso!
andré kangussu.