26 novembro 2009

Dor de Dente

Havia muitas pessoas no ônibus. Mesmo tendo de ficar de pé, eu já estaria satisfeito só em poder me apoiar em um cano enquanto pensava coisas ruins sobre as pessoas que, junto comigo, enchiam o tal ônibus.

Por sacanagem do acaso ou por inércia - ainda não sei -, o automóvel desacelera e eu sou levado a pisar (o sapato que vestia) o pé de um passageiro. Do alto de minha jovialidade e irreverência, peço-lhe perdão a meu modo: Foi mal!. A resposta veio automática e sem hesitação: Foi mau mesmo.

Não narro para pontuar a incoerência gramatical de recorrer à polissemia entre advérbio e adjetivo (mal com l e mau com u, respectivamente) de que se valeu a garbosa resposta de meu interlocutor. É só porque sua amargura foi corajosa e excêntrica e eu acho notável quem leva a sério suas excentricidades.

Talvez ele sofra de gastrite. Ou talvez ele apenas seja um desses tão ditos curitibocas, cuja neurastenia lhes é porta-bandeira.

Preconceito por preconceito, quem disse que o mineiro só é solidário no câncer, possivelmente não conhecia o curitibano.

Um comentário:

Nayara Gonzalez disse...

redescobri seu blog (sempre passo meses sem ler blogs e depois os redescubro) e tinha acabado de twittar uma frase sua, quando descubro que... você me citou!

achei mara :D