Em noites como essa, gostaria de ter acesso àquelas caixinhas de sugestões. Elas parecem existir só para nos iludir com um aparente poder de mudança e com a sensação de que o conceito de democracia se estende até à administração de supermercados e de lojas de calçados desamparadas. Na real, as pessoas são tão inertes que sinto até compaixão daquela urninha por cuja fenda nenhum bilhetinho vejo ser enfiado.
Imagino ainda que o guardião da chave dessa caixinha deva se refestelar na pequena tirania de ler os bilhetes e:
a) caçoar, mesmo que mentalmente, da caligrafia e do trato gramatical dos sugestores;
b) caçoar da disposição dos sugestores em querer melhorar banalidades;
c) compartilhar o deboche com colegas;
d) descartá-los.
Imagino que tais guardiões devam ter aprendido que mudanças só se dão à base de violência e/ou muito baixo astral.
Mesmo assim, em noites frias como essa, queria mesmo é mandar um desses à deidade que faz as pessoas (a.k.a. O Cara Lá de Cima). Estou bem intencionado e querendo apenas poupar as futuras gerações de seres humanos de sentirem tanto frio nos pés e nas mãos. Perdoada minha ignorância, pergunto: por que, mesmo calçados, os dedos dos pés nem se sentem quando está frio? Será que o sangue que chega aos dedos dos pés e das mãos não é suficiente? Serão suas veias muito finas? De onde vem a endotermia?
Não sei o que sugerir para a erradicação do frio nas extremidades. Talvez mais corações instalados nos membros - eu sei que as minhocas, por exemplo, têm vários deles. Umas glândulas bem espertas dariam conta, será?
Vós, que sois onisciente, já deveis ter captado essa sugestão antes mesmo de eu conceber esse texto, não? Por favor, encaminhai o recado ao Departamento Divino de Anatomia Humana e não debocheis dele, ok? Outro dia a gente pode conversar sobre a digestão de celulose, mas por enquanto isso é tudo.
Vlw.