Deixei-me convencer desde muito cedo que felicidade é um estado inalcançável de nirvana e serenidade e é exclusivamente alheio. Felicidade é o que se lê na testa daqueles(as) lindos(as) atores da Globo que têm os dentes mais brancos que os meus. Ou então é aquele estado de espírito que só os sábios chineses e eremitas (e não os cristãos) alcançam - e a custo de muita privação, honra e sobriedade!
Felicidade pode, no máximo de sua flexibilidade, ser aquele plano de seguridade social da gente do dia-a-dia: tanto dos jovens que crescem cumprindo com primazia seu ciclo implícito de deixar o mundo do mesmo jeito, quanto daquelas pessoas que são beneficiadas por programas da prefeitura na televisão.
Infelicidade, analogamente, é coisa de gente que come lixo em troco de poder e diamantes.
Não penso que um dia alcançarei qualquer um desses extremos que descrevi. Embora muitos de nós não reconheçam essa mediocridade, enxergo a mim e à maioria da população em um vale instransponível de tudo-bem e tanto-faz. É um espaço muito amplo que pode comportar a humanidade inteira.
Então, acho que eu estou médio com minha vida. E para sempre estarei.