30 novembro 2009

Reflexão sobre a Vida

No trilho inferior do box de correr do banheiro do apartamento onde moro... Tudo bem, o que tem? Tem a inspiração para esse meu texto.

O que acontece é que tenho que, no mínimo, mensalmente, flambar o tal trilho. Diria, aliás, esterilizar com fogo mesmo. De algum lugar, aparecem criaturas tão milimétricas quanto asquerosas cuja classificação taxonômica extrapolam meu conhecimento. Como Catoplebas pode ser que elas sobrevivam ao fogo e insistam em construir uma civilização justo lá?

A vida é podre. Ela brota vigorosa em qualquer lugar, na madeira podre ou nas fendas de concreto.

A vida é podre e asquerosa. Cada bicho só se levanta na insistência bestial e musculosa de viver.

A vida é podre, asquerosa e escrota.

26 novembro 2009

Dor de Dente

Havia muitas pessoas no ônibus. Mesmo tendo de ficar de pé, eu já estaria satisfeito só em poder me apoiar em um cano enquanto pensava coisas ruins sobre as pessoas que, junto comigo, enchiam o tal ônibus.

Por sacanagem do acaso ou por inércia - ainda não sei -, o automóvel desacelera e eu sou levado a pisar (o sapato que vestia) o pé de um passageiro. Do alto de minha jovialidade e irreverência, peço-lhe perdão a meu modo: Foi mal!. A resposta veio automática e sem hesitação: Foi mau mesmo.

Não narro para pontuar a incoerência gramatical de recorrer à polissemia entre advérbio e adjetivo (mal com l e mau com u, respectivamente) de que se valeu a garbosa resposta de meu interlocutor. É só porque sua amargura foi corajosa e excêntrica e eu acho notável quem leva a sério suas excentricidades.

Talvez ele sofra de gastrite. Ou talvez ele apenas seja um desses tão ditos curitibocas, cuja neurastenia lhes é porta-bandeira.

Preconceito por preconceito, quem disse que o mineiro só é solidário no câncer, possivelmente não conhecia o curitibano.

15 novembro 2009

Cinco Discos que Comprei pela Capa

Gastei metade de minha adolescência agachado ou debruçado sobre prateleiras dos sebos de Maringá. Sempre procurei conhecer o status daquilo que comprava, fossem discos ou revistinhas pornográficas. A mania de querer saber o nome de tudo, infelizmente, venceu o hábito de escolher um filme ou um livro pela sinopse, por exemplo.

Os sebos de Maringá são abarrotados de discos de vinil a preço de Milkybar, uma boa aos que amiúde acham aborrecida essa impalpabilidade da música comprimida. E foi isso que possibilitou essa minha lista de exceções - as capas são grandes e gostosas de olhar; ganham os olhos e depois o coração. Risos.

Então aí vai o meu top five de capas de LPs que me seduziram.

1. The Wake. Here Comes Everybody (1985)

É um sei-lá geométrico dum tal de El Lissitzky. Eu nunca sequer ouvira falar dessa banda escocesa, mas lucrei um disco post-punk legalzinho e ainda descobri o que era o construtivismo russo.

2. Lloyd Cole and the Commotions. Mainstrem (1987)

O olhar sofrido do rapaz boa-pinta me fez imaginar que se tratava de um discípulo do grande Leonard Cohen ou um outro Ian Curtis, vocalista suicida do Joy Division. E acho que não errei muito feio: essa banda, também escocesa, é um pouco folk e um pouco rock alternativo e chama a atenção pelo esforço lírico das letras.

3. Marina Lima. O Chamado (1993)

Okay, a Marina já era conhecida velha de guerra - meu pai sempre levava no porta-luva umas K7 dela. Mas foi só quando vi essa capa que decidi ouvi-la por opção. A faixa-título sustenta o disco juntamente com Pessoa, um cover do Dalto. Essa última de tão linda doi.

4. The Fall. Bend Sinister (1986)

Esse foi meu tiro mais certeiro. Diferentemente dos outros quatro, comprei não por achar a capa bonita, mas por supor que seria um bom disco post-punk. Sem querer, descobri um dos meus discos de rock preferidos. A parte lamentável é que, tendo visto dois deles juntos na prateleira, eu achei válido presentear uma garota com ele. Quando eu voltei ao mesmo sebo, cadê meu Bend Sinister, Jesus Cristo?

5. Fleetwood Mac. Bare Trees (1972)

O grupo eu pouco conhecia e não me chamara a atenção até eu ver as árvores peladas e a sincera e profunda desolação de seu cenário.

Irene no Céu

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:
lisemsa mel branoc!!!!11um1
E São Pedro bonachão:
emtra ireen vose na1 presisa perdi lisemsa!!!111q

Manuel Bandeira. Libertinagem, 1930.